A chuva

 – Ela dança delicada e serena, é capaz de despertar uma série de sentimentos e emoções em nossos corações

– A senhora está falando da chuva?

– Sim, é ela, a chuva. Cada gota que cai do céu traz consigo uma melodia suave, capaz de acalmar nossas almas e nos transportar para um mundo cheio de sensações.

– Não parece não, mais parece que está caindo o céu, isso sim.

A mãe apenas o encarou e continuou:

– Ao ouvir o tilintar da chuva nas vidraças, somos envolvidos por uma atmosfera de paz e tranquilidade. Os pingos batendo no telhado formando uma sinfonia encantadora, como se a própria natureza estivesse compondo uma melodia exclusiva para nós. Nesses momentos sentimos uma conexão profunda com o mundo ao nosso redor.

– Fale pela senhora, eu sinto é medo.

Ela respirou fundo e prosseguiu:

– A chuva é capaz de lavar nossas angústias e preocupações, trazendo uma sensação de renovação. Ela nos convida a deixar para trás as tristezas e abrir espaço para a esperança. Em meio a essa dádiva da natureza, encontramos um refúgio, um momento para refletir e cuidar de nós mesmos.

– Eu só tenho vontade de me esconder embaixo dos cobertores.

– Posso continuar? – o menino sorri para sua mãe.

– Observar as gotas escorrendo pelas janelas nos faz lembrar da efemeridade da vida e da importância de valorizar cada instante. A chuva nos convida a abraçar a impermanência e nos ensina a apreciar os momentos simples e preciosos. É como se a própria natureza nos lembrasse que, mesmo diante das adversidades, a vida segue seu curso.

– Efemeridade – o menino falou baixinho – essa é difícil, será que se eu perguntar agora ela vai ficar brava?

– Quando decidimos nos aventurar pela chuva, permitindo que as gotas toquem nossa pele, somos invadidos por uma sensação revigorante. A água nos envolve, refresca nossos corpos e nos lembra que somos parte integrante desse ciclo incessante de renovação. É como se ela nos convidasse a dançar em meio ao seu ritmo, a nos entregar completamente ao momento presente.

– Aham – continuou baixinho – lembro da bronca que levei porque eu tava brincando na poça de lama naquele dia de chuva na casa da vovô.

– Existe algo de mágico na chuva, algo que nos faz sentir vivos e conectados com o universo. Ela nos convida a acolher nossas emoções mais profundas, seja alegria, tristeza ou nostalgia. A chuva é capaz de despertar nossa sensibilidade, nos fazendo refletir sobre o mundo e sobre nós mesmos.

– Onde será que eu deixei meu boneco do Woody – o garoto olhava com o canto dos olhos envolta.

– E quando a chuva cessa, deixando para trás uma atmosfera de frescor e renovação, somos agraciados com a presença de um lindo arco-íris. Com suas cores vibrantes refletindo a esperança e a promessa de dias melhores.

– Será que tem mesmo um pote de ouro no fim do arco-íris mamãe? Queria mesmo é ver o carinha vertido de verde.

A mãe revirou os olhos para cima.

– Portanto, permita-se mergulhar na magia da chuva, abra seu coração para suas emoções e deixe que ela lave sua alma. A chuva é um lembrete constante de que, mesmo nos dias mais cinzentos, sempre há espaço para a esperança e para a renovação. Abrace essa dádiva da natureza e permita que ela o envolva com sua serenidade e beleza – ela terminou de digitar – E fim.

– Agora que a senhora terminou. A senhora terminou, né? Podemos descer no parquinho?

– Mas ainda está chovendo querido.

O menino ficou olhando pensativo para a mãe.

– O que foi meu amor.

– É que não entendo… A senhora falou um monte de coisas boas da chuva e agora não quer ir lá fora brincar comigo só porque está chovendo.

A mãe fitou o menino, “ele só tem quatro anos” pensou.

– São coisas de mãe meu querido, um dia você vai entender – ela o pegou no colo e cutucou seu nariz – Mas você é um menininho muito inteligente, sabia?

foto: https://literaturasemfim.com.br/GageWalker

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